Os escritórios, especialmente na década pré pandemia, vinham ampliando sua relevância como recurso chave das empresas por uma série de fatores diferentes, muito além de meramente oferecer um espaço adequado para se exercer uma função específica.
Os escritórios, em muitas companhias, faziam um papel central em uma engrenagem de gestão de equipes, de posicionamento de marca, de retenção de talentos, de sentimento de pertencimento e até de qualidade de vida.
Com a aceleração brusca da digitalização dos espaços de trabalho e com diversas alterações no jeito das pessoas se organizarem enquanto grupo, muitas lideranças demoraram a perceber que sem essa peça central alguns dos rituais de equipe perderam prioridade, qualidade ou cadência. Isso não quer dizer que esses rituais perderam relevância, evidencia que precisam ser ajustados.
Na prática, por ser o escritório parte central da solução por muito tempo, principalmente segundo o pensamento industrial, raramente antes foi considerado dispensável.
No momento em que essa opção não está mais disponível e as equipes tiveram que se manter funcionando, abriu-se uma janela de oportunidade para otimizar os rituais de equipes, dessa vez com ainda mais ênfase em qual a entrega de valor de cada um dos rituais e não mais ficar ocupando salas de reunião com as famosas "conversas que poderiam ter sido um email".
Dentre as inúmeras possibilidades de motivações para rituais de equipes, se fosse priorizar em 3 mais importantes, seriam: 1) rituais de cadência; 2) rituais de engajamento; 3) rituais de celebração.
Os rituais de cadência são aqueles que dão direção ao grupo em curto prazo e servem para manter o ritmo das diversas atividades que acontecem na equipe.
São as matinais de vendas, as dailys dos quads ágeis, as reuniões semanais de gestores, as reuniões quinzenais de gerentes e diretores, as reuniões mensais de conselho, dentre outras. Cada perfil de equipe ou de negócio exige uma cadência diferente e a realização frequente dessas reuniões é uma boa prática de equipes que são consistentes no que fazem.
Os rituais de engajamento são aqueles momentos em que as pessoas têm a oportunidade de compartilhar tempo e energia com outras pessoas da equipe, em geral se apoiando em temas ou projetos alheios à maior parte do tempo.
Podem ter mais relação com o negócio em si, como encontros sobre valores e cultura da empresa, grupos de ideação de novos produtos ou serviços ou grupos para discussão de diversidade dentro da empresa, e ainda podem ser mais distantes do negócio em si, como grupos de voluntariado, grupos de leitura, grupos de corridas, grupos de investimentos, entre outros.
Esses rituais abrem possibilidades de mais conexão humana e troca aberta dentre as pessoas da equipe. Os rituais de celebração, mesmo sendo mais intuitivos, demandam atenção para não serem confundidos com rituais de engajamento. Para celebrar é necessário ter clareza do significado da celebração, caso contrário será a festa só pela festa.
Uma coisa é fazer uma celebração para comemorar o fechamento de um excelente mês ou trimestre ou período de trabalho de um time. Outra coisa é fazer todos os anos uma festa junina independente de qualquer resultado: é super válido, mas é um ritual de engajamento e não de celebração.
Na celebração de conquistas e méritos da equipe, o caminho de não passar pelo ritual de celebração muitas vezes passa uma mensagem errada a quem ajudou a construir aquela conquista. Lembre-se: work hard play hard.
Fula
Sócio Fundador da Akasha
Comentarios